domingo, 6 de maio de 2007

A vida das coisas.

Um texto perdido, brinquedo estragado
Um sapato velho, um copo quebrado
Nenhum que se preze, e seja usado
Esquece dos marcos, sentidos deixados
Carimbos na alma, por pouca que seja
São vistos por homens, de mente sujeita
E contam histórias, de quem lhe fez uso
Mesmo abandonados, jamais abandonam
E sempre recordam do dono e do caso
E prova do verso aqui rabiscado
Que seja uma casa, de muitas idades
De muitas pessoas, de sangue de raiva
De dias felizes, de noites antigas
A casa de história e vida pesada
E um dia aparece, nesta velha casa
Qualquer que desperte, na alma gravada
Um lado de fúria, de ódio ou de nada
E desde tal dia, na casa que vive
O espírito velho, de própria vontade
Ninguém mais habita, na paz da morada
Pois viva está ela e viva decide
E tem sentimentos, e chama “assombrada”
E colhe sementes, e cria virtudes
E espanta pessoas, abriga fantasmas
E até que num dia, desabe arruinada.
E fraca cai podre, ou forte a derrubam.
E após de há anos, ter sido criada
A alma descansa, na paz desejada.

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