sexta-feira, 4 de maio de 2007

Tempos Além Do Passado (parte 2)

Não é uma tarefa fácil escrever sobre um assunto totalmente desconhecido e os recursos para descrever algo medonho em toda sua plenitude são drasticamente reduzidos quando a situação é real, pois não há meios de usar a imaginação.

Tomemos, por exemplo, a situação de um escritor de ficção que pretende descrever um animal desconhecido. Se ele não consegue reproduzir com seu vocabulário a cor de um animal, pode mudá-la de acordo com sua vontade, já que tal animal encontra-se em sua mente e fica sujeito a modificações que facilitem sua descrição no papel.

Em se tratando de um relato de algo real, tenho de abdicar de tal regalia e minhas descrições podem não ser exatas.

É fácil imaginar um grifo ou um cachorro de três cabeças mesmo que tais criaturas não existam. Mas uso o exemplo de Cthulhu e Yog Sothoth, criaturas descritas por Lovecraft e que são totalmente inimagináveis, mesmo que se tenha uma noção relativamente clara delas pelo que ele nos passou em suas linhas e linhas carregadas de loucura.
O meu caso é semelhante mas serei sincero em dizer que meu vocabulário não é tão rico como foi o dele.

Não sou um escritor e apesar do vocabulário relativamente grande adquirido de noites a fio absorto em textos de todos os assuntos e autores muitas das sensações ficarão sem uma definição exata.
Por se tratar de algo desconhecido pode se tornar desprovido de realidade, emoção. Mas apesar dos transtornos pelos quais passa minha mente, farei um esforço para não deixa-lo tão cansativo. Mesmo assim não obrigo ninguém a ler tudo o que escrevo caso não se sinta atraído.

Escrevo mais para mim do que para os outros.

Escrevo para passar para o papel parte do que perturba minha mente.

Relembro coisas horríveis apenas olhando para uma mancha de café na toalha...ou quando sinto o cheiro de algo estragado na geladeira....quando tocam duas melodias musicais e as notas se fundem formando um acorde novo e triste.....cheiros e cores que se fundem e adquirem, mesmo que por milésimos de segundo, a força de um furacão que me carrega de volta a lugares e situações que deveriam ser apagadas.....trazem lágrimas aos olhos, velhice ao rosto e depressão profunda a alma.
Fico nesse estado de nostalgia as vezes por horas mesmo que o “flashback” dure apenas segundos.
Não se tratam de vidas passadas ou épocas esquecidas de uma mesma vida......é de algo mais antigo que falo...algo velho....algo que, ao mesmo tempo, me deixa profundamente apavorado e triste e me cobre de saudade quando termina....como se todos meus amigos e família...tudo que eu amei e todo o mundo ao qual eu pertenço(ou pertenci um dia) fosse embora junto com esse momento. E quanto mais se repetem esses lapsos, visões ou seja lá que são, mais longos eles se tornam e menos eu me sinto apegado a realidade em que vivo.

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