quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sem Controle

Acho que a gente deveria ter o controle total da nossa cabeça.

Ser como um daqueles chefes de fábrica que ficam caminhando em cima das pessoas e máquinas, naquelas passarelas de metal, enquanto tem o total conhecimento do que se passa lá embaixo. Seria muito mais fácil de trabalhar os problemas e as decepções. Os vícios, medos, tristezas, angústias e até o nosso futuro em algumas ocasiões.

Mas não é assim.

Quando realmente paramos pra pensar e observamos a vastidão do subconsciente e do inconsciente, a gente se toca de que somos trabalhadores....simples trabalhadores numa mente q é NOSSA. No momento eu fico pensando se eu deveria mudar, se deveria esperar tudo o que vem acontecendo mudar ou se eu me entrego duma vez pra derrota e desisto de tudo, esperando a tão sonhada “luz divina” de que tanto falam quando a gente está na pior.
Tento observar a derrota como algo inconcebível. Algo apenas para os fracos e os pobres de mente, mas apesar de ainda longe, vejo ela cada dia mais perto...se esgueirando e avançando alguns passos, mesmo que pequenos, a cada decepção que eu tenho.

Ao mesmo passo que repudio a derrota, agir é muito difícil. Não tenho peito pra tomar uma decisão e assumir responsabilidades e eu acho muito mais fácil abdicar de coisas boas do que batalhar pra conseguir. Estou matando as ovelhas e cortando os pés de laranja para não ter que me preocupar com os ladrões de animais e frutas.

Juntando-se a tudo isso vem a pressão de vários lados...pressão essa que só me faz ir pro lado contrário. Me obriguem a tirar a carteira de motorista e vocês vão ter alguém que com 20 anos dirige sem carteira. Me cobrem o estudo e vocês vão ter 0 em todas as matérias. Não nasci pra ser pressionado mas por outro lado minha bondade supera isso.

Academia? Sono saudável? Exercícios? Hábitos alimentares?

Isso também me decepciona..cada dia mais ossos e menos músculos. Não pretendo virar um halterofilista com aquele corpo todo musculoso e grande, mas apesar de minha saúde ser de ferro e suportar coisas que a maioria das pessoas nem acreditaria, ela está passando por uma prova de ferro. Pouca comida, as vezes um prato de bife a cada três ou quatro dias, água em quantidade diminuída e hábitos sedentários. Ainda sou forte pro meu tamanho mas sinto minha resistência indo pelo ralo. O sono não fica melhor. Cada dia durmo menos e não é rara a noite em que nem durmo.

Entretenimento?

Ouço rádio e discos de vinil com uma freqüência impressionante. Livros também existem em quantidade. Tentei o auto-ajuda....com grande determinação mas não adiantava mais fingir pra mim mesmo. O terror e a ficção...e as vezes aventura tomam 50% do meu dia e não é raro passar mais de 5 horas em sebos e livrarias a procura de exemplares raros.

O que eu faço de melhor?

Desenvolvo os reflexos e a capacidade mental com exercícios em casa e toco gaita até bem demais para quem só está praticando a alguns meses. Mas cantor não é meu emprego e nem uma profissão de pistoleiro me adiantaria alguma coisa apesar de ser uma ambição. Tudo isso acaba sendo coisa de criança.

Agrônomo.È isso que eu quero ser.

É? Tenho certeza?

O que se passa no lado leste da fábrica enquanto eu estou limpando o óleo derramado na parte sul? E a máquina do lado norte? Continua funcionando ou a ferrugem está corroendo-a peça por peça até que ela definitivamente desmonte inteira?
No oeste as coisas supostamente vão bem mas não me agrada o cheiro de queimado que o vento que entra pela janela traz daquelas áreas. Pode ser que também hajam problemas por lá. E os outros andares? Nem sei quantos a fábrica tem. Já subi uma vez ao qüinquagésimo nono e por lá vi algumas vontades secretas que me arrepiaram. Tortura, morte e alguns atos de maldade que não são característicos de uma mente saudável. Também conheço muito bem o porão mas tudo o que tem lá são caixas e caixas de lembranças velhas....é onde eu mais me ajeito. Tudo conhecido e sob controle. Mas já no primeiro andar onde eu estou agora limpando toda esta zona dessa sujeira, já existem coisas que eu desconheço.

Mas é isso...acho que vou verificar o lado oeste....não gosto mesmo dessa fumaça...

3 comentários:

Anônimo disse...

Acordei agora a pouco sabe-se lá porquê e fiquei com vontade de vir aqui e li seu texto...Só faltou eu começar a chorar aqui,cara.Eu também não sei de mais nada,tô sem controle de nada...Eu sei que até ando sendo meio esquisito com você,mas não é nada com você,só eu que possívelmente esteja enlouquecendo mesmo,eu não sei...Queria que a gente morasse pelo menos na mesma cidade dae eu ia até sua casa agora te encher o saco pra gente ir ver o rio agora de manhã..E ficar conversando e fumando lá até cansar..Ia ser bem dahora..Abraço ae..

Anônimo disse...

mais uma vez acordei e resolvi passar aqui....acho que de certa forma é uma forma de ficar mais perto do pasto,do rio....de tudo que eu fico imaginando que deve ter ae!abraço

Anônimo disse...

Enquanto visitas o lado oeste da fábrica, eu ainda tento descobrir qual o meu papel na minha: operária, chefe, analista... afinal, qual é a minha fábrica, e porque cargas d'agua eu tenho que tentar descobrir com os olhos vendados? Não seria tão mais fácil se pudéssemos desvendar todos os nossos mistérios? Pior, não seria tão melhor se compreendessemos o funcionamento disto tudo? No entanto ficamos deslumbrados com o maquinário e esquecemos de aprender como ele funciona e o que devemos fazer em caso de avaria. Afinal de contas, por que você me faz pensar tanto?